Antes, Blaine esporadicamente trazia um homem diferente para o dormit�rio. O que fazia com que Kurt ficasse estudando na biblioteca durante um tempo maior. Kurt n�o se importava com isso, o que sempre deixou claro para Blaine.

Os dois estavam estudando, cada um em sua respectiva mesa no dormit�rio, quando Kurt virou-se para Blaine e perguntou "B, por que voc� parou de trazer garotos aqui no dormit�rio? Eu j� disse que eu n�o me incomodo"

Blaine virou-se para Kurt, sem esperar esta pergunta "Eu... eu n�o quero que voc� pense que sou um cara que se deita com qualquer um"

"B, eu nunca julguei nem nunca irei julgar seus atos. Aquele dia eu n�o quis dizer que voc� estava errado em sair com tantos caras, eu apenas queria saber o motivo" Kurt respirou, e continuou "eu n�o posso falar muita coisa, porque eu n�o tenho... experi�ncia nestas quest�es... ent�o, eu s� quero deixar claro que eu n�o me incomodo com isso, ok?"

"Eu n�o gosto do que eu fa�o, K. Eu realmente n�o gosto disso", confessou Blaine.

"Ent�o por que voc� continua agindo assim?"

"Eu n�o posso me ligar emocionalmente a ningu�m... n�o posso" disse Blaine, e seu olhar pareceu cansado. Kurt percebeu isso e resolveu n�o pression�-lo. Ele levantou-se, foi at� Blaine e beijou sua testa. Blaine n�o estava acostumado a este tipo de carinho e olhou para Kurt, assustado.

"B, n�o se preocupe com nada. Apenas siga o seu cora��o, ok? E quando precisar conversar, como eu j� disse antes, eu estou aqui, certo? Eu nunca irei julg�-lo. Amigos s�o para isso"

Blaine concordou com a cabe�a e Kurt voltou � sua escrivaninha para estudar. Por�m, n�o conseguia pensar em outra coisa a n�o ser o que poderia ter feito Blaine ter tanto medo de seguir suas emo��es.

Alguns dias se passaram e os dois estavam sentados novamente em seu dormit�rio, assistindo a um filme no laptop de Blaine, quando ele perguntou a Kurt.

"K. Voc� gosta de ser gay?"

"Como assim?" perguntou Kurt, surpreso com a pergunta.

"�s vezes eu gostaria de n�o ser gay. Seria tudo muito f�cil"

"Mas voc� estaria negando quem voc� �. Isso n�o � certo" respondeu Kurt.

"Ent�o, pelo o que voc� est� dizendo, voc� gosta de ser gay" concluiu Blaine.

"Eu... esse � quem eu sou, entende B?" perguntou, olhando diretamente nos olhos de Blaine. "Eu n�o tenho a experi�ncia que voc� tem. Na verdade, eu n�o tenho nenhuma experi�ncia, mas eu sei o quero para a minha vida e, por mais que eu j� tenha sofrido por ser gay, eu n�o penso que seria melhor se eu fosse hetero"

Blaine estava com vergonha e abaixou a cabe�a, em sil�ncio.

"Aconteceu alguma coisa, B?"

Blaine levou um momento olhando nos olhos de Kurt, sem saber o que fazer ou dizer "Eu, eu n�o consigo, K. Me desculpe" disse Blaine, e saiu dormit�rio, deixando Kurt com ainda mais perguntas em sua cabe�a.

Neste mesmo dia, mais tarde, na biblioteca, Kurt recebe um SMS de Blaine.

"K, estou levando um garoto para o dormit�rio. Tudo bem pra voc� ficar na biblioteca mais um pouco? B."

Ent�o era isso, Blaine estava jogando suas frustra��es e medos em relacionamentos passageiros. Kurt suspirou tristemente. Ele estava preocupado com o seu amigo, mas nesse momento, um lindo garoto de olhos claros aproximou-se.

"Ol�. Posso me juntar a esta mesa?" perguntou o garoto.

"Claro que sim" respondeu Kurt, arrumando suas coisas que estavam espalhadas na mesa.

"Bibliotecas podem ser t�o solit�rias. Eu gosto de estudar em sil�ncio perto de outras pessoas"

"Tudo bem"

"Meu nome � Adam"

"Kurt"

"Sempre vejo voc� aqui at� tarde da noite. Gosta da biblioteca?"

"Digamos que sim..." respondeu Kurt.

"Olha, se voc� quiser dar um tempo nestes estudos, eu e meu colega de quarto estaremos dando uma festa hoje � noite. Quarto 523"

"Obrigado pelo convite, mas acho que irei deixar passar essa"

"Voc� � quem sabe. A festa ser� boa!" insistiu Adam.

"Vou pensar. Obrigado"

Kurt continuou a estudar, de vez em quando olhando disfar�adamente para Adam, que era um belo garoto de cabelos claros e olhos azuis. Ser� que deveria ir a esta festa? – pensava Kurt.

Ele estava na Universidade h� alguns meses e nunca havia ido a uma festa. Blaine foi a algumas, mas Kurt sempre recusava.

Ap�s um tempo, Adam se despediu de Kurt e refor�ou o convite, deixando-o na biblioteca. Kurt achou que j� poderia voltar ao seu dormit�rio, pois Blaine j� teria feito o que quer que seja l�, e pegou o caminho para o quarto.

Quando estava no corredor, por�m, ficou pensando que deveria pelo menos passar na festa, olhar o que acontecia por l� e depois voltava. Coisa r�pida, afinal, ele era um estudante universit�rio! Precisava conhecer as famosas festas!

Ao chegar perto do quarto 523, Kurt j� ouvia o alto som da m�sica e pessoas b�badas no corredor. Entrou no local e ficou assustado com o que via. Todo o tipo de pessoa estava l�. Ele ficou de lado, olhando o movimento, quando um garoto moreno chegou perto dele.

"Eu nunca o vi por aqui antes. Voc� � novato?"

"Sim..." hesitou Kurt "O Adam me convidou"

"ADAM! Simm... o Adam... venha comigo que irei te apresentar para umas garotas"

"Ah, na verdade..." sorriu Kurt para o garoto, que logo entendeu.

"Ohhh, j� entendi! Venha que irei te apresentar para alguns garotos!"

"Pessoal! Esse � Kurt! Nosso mais novo amigo!" gritou o garoto, e todos que estavam ao redor gritaram junto e levantaram seus copos de bebida.

Kurt foi apresentado a v�rias pessoas. Todas parecendo muito simp�ticas e prontas para ajudar na socializa��o de Kurt. Copos foram oferecidos a ele, que os bebia sem pensar, pois queria se enturmar; estava cansado de ser um peixe fora d��gua.

Quando menos se esperava, Kurt j� estava em cima de uma mesa, dan�ando loucamente com todas as pessoas gritando seu nome. Ele estava no topo, nada o poderia deter! A bebida havia tirado todas as suas inibi��es e ele estava muito feliz por ter tido a coragem de ir at� �quela festa. Todas as pessoas sorriam e o incentivavam.

"Ei, beba mais isso aqui!" disse o garoto moreno, entregando-lhe outro copo de bebida.

"Obrigado!" gritava Kurt, sem parar de dan�ar.

"Ei, Kurt, temos uma coisa bem legal no quarto ao lado, venha ver!" chamou o garoto moreno, que agora estava acompanhado por outro cara.

"Me desculpe, mas eu n�o estou muito bem, acho que bebi demais. Acho que devo voltar ao meu dormit�rio" disse Kurt.

"N�o. N�o. N�o! Hoje � festa! E voc� ainda n�o viu o melhor dela!" disse o garoto moreno, pegando-o pelo bra�o e levando-o at� o dormit�rio ao lado. Kurt estava tonto e n�o conseguia entender o que estava acontecendo, deixando-se levar. �s vezes dizia algo como "eu preciso ir, gente", mas n�o conseguia lutar quanto a isso.

Os dois garotos o levaram para o dormit�rio ao lado, que estava vazio. Kurt n�o estava vendo direito, estava tonto. Um deles come�ou a tirar a camisa de Kurt, que protestou.

"N�o. O que est� acontecendo?"

"Relaxa, Kurt. Est� tudo bem, isso aqui � uma festa!" disse o moreno, enquanto o outro j� havia retirado a camisa de Kurt, que tentava, em v�o, sair dali enquanto os dois o seguravam e o colocaram em uma das camas.

"Relaxa, Kurt. Voc� gosta disso, esqueceu?" disse o outro.

"N�o..." tentou lutar, Kurt.

Os dois estavam na cama com Kurt, um deles tentando come�ar a tirar as suas cal�as, quando Kurt ouviu uma voz ao longe gritar.

"KURT?"

"Tem algu�m me chamando..." disse Kurt, fracamente.

"KURT!"

Mas Kurt estava muito fraco e tonto para responder. Ele queria sair dali. O que eles estavam fazendo com ele? Ele tentou lutar, mas eles eram mais fortes e estavam em cima dele, segurando-o.

Algu�m bateu � porta. "KURT! VOC� EST� AI?"

Ele conhecia essa voz. "Blaine..." sussurrou Kurt, sem for�as. A porta do quarto se abriu em um estrondo e Blaine correu at� Kurt, ofegante.

"SEUS FILHOS DA PUTA, LARGEM ELE!"

"Calma cara, isso � s� uma festa!" disse o garoto moreno, indo em dire��o � Blaine, enquanto o outro garoto correu para fora do quarto.

"CALMA O CACETE! SEU FILHO DA PUTA! QUE TIPO DE DROGA VOC� DEU PARA ELE?" gritou Blaine, dando um soco na cara do garoto, que caiu no ch�o.

O garoto n�o respondeu.

"RESPONDA!" gritou Blaine.

"Nenhuma cara... s� bebida"

Blaine correu at� Kurt e viu que ele estava tremendo e quase desacordado. Blaine levantou-o com esfor�o e carregou-o para fora do dormit�rio.

"Blaine..." suspirou Kurt.

"Calma, eu te peguei" disse Blaine, abrindo espa�o em meio � multid�o que assistia � cena.

Ao chegarem em seu dormit�rio, Blaine viu que Kurt estava muito b�bado e ligou o chuveiro, colocando-o embaixo do chuveiro para tentar ajudar a passar o efeito das bebidas que fizeram Kurt ingerir. Blaine ficou o tempo todo a seu lado. Os dois sentados embaixo do chuveiro, Blaine segurando Kurt o tempo inteiro. Ficaram assim, abra�ados.

"Desculpa B..." disse Kurt, ainda sob os efeitos do �lcool.

"Shh... est� tudo bem. Venha, vamos trocar essas roupas" disse Blaine, desligando o chuveiro e ajudando Kurt a se levantar.

Kurt sentou-se em sua cama, com as roupas molhadas, ainda sem for�as. Blaine olhou para Kurt, hesitante, mas foi at� o seu guarda-roupa e pegou um dos pijamas de Kurt. Blaine come�ou a secar um pouco Kurt com uma toalha, antes de ajud�-lo a trocar de roupa.

"Vou te ajudar, ok?" perguntou Blaine.

"Ok" disse Kurt, sem pensar.

Blaine ent�o se aproximou e come�ou a tirar o resto das roupas de Kurt, j� que ele j� estava sem camisa. Ele tirou as suas cal�as, e Kurt ainda estava sem rea��o, olhando para Blaine, mas ao mesmo tempo, era como se ele n�o estivesse l�.

"Kurt, voc� consegue tirar sua cueca?"

Kurt fez que sim com a cabe�a e Blaine virou para o outro lado.

"Pronto?" perguntou. "Peguei uma cueca limpa para voc�, est� a� ao lado. Voc� consegue coloc�-la?"

Um tempo se passou e Blaine n�o obteve resposta. Ent�o, preocupado, ele virou-se e se deparou com Kurt deitado, nu, em sua cama. Ele sabia que n�o deveria olhar, ent�o, j� que Kurt estava deitado em cima de suas cobertas, ele pegou a sua pr�pria, que estava em sua cama, e jogou-a em cima do corpo nu de Kurt.

Olhando-o ali, indefeso, Blaine percebeu o quanto precisava estar ao lado de Kurt. Ele era uma pessoa maravilhosa, com um enorme cora��o, e Blaine, a partir de agora, faria tudo o que estivesse ao seu alcance para proteg�-lo.

"Durma bem, K" disse Blaine, beijando a sua testa e indo de volta � sua cama, onde iria dormir sem se cobrir, com frio. Por�m, ele n�o dormiu nem um segundo. Ficou olhando para Kurt dormindo e pensando no perigo que ele correu naquela festa. Em todas as coisas ruins que poderiam ter acontecido se ele n�o chegasse a tempo. Coisas que lembravam a sua vida.

Kurt acordou no meio da madrugada. Algo n�o estava certo e ele n�o sabia o que era. Ele n�o lembrava de ter voltado ao dormit�rio. Ele estava na biblioteca e ent�o come�ou a voltar, mas... "O meu Deus" pensou. "Eu fui �quela festa?" enquanto tentava se lembrar, ele olhou para sua cama e viu que estava nu embaixo das cobertas. "Espera, o que � isso? Eu estou deitado em cima das minhas cobertas" pensou Kurt e olhou para o lado. Ent�o ele viu Blaine deitado em sua cama, sem as cobertas.

"O que aconteceu? O que aconteceu? O que aconteceu?" Kurt n�o conseguia respirar. Ele n�o parava de se mexer na cama, sem saber o que pensar.

"K, est� tudo bem?" perguntou Blaine, que estava acordado.

Kurt tremia e n�o conseguiu responder. Ele estava come�ando a lembrar. Havia aquela festa... e ele estava se divertindo muito. E ele havia subido na mesa e dan�ado... ele estava morrendo de vergonha do que havia feito.

"K., est� tudo bem?" Blaine tornou a perguntar, j� sentando-se na cama.

"Oh meu Deus!" gritou Kurt, sentando-se abruptamente, j� em l�grimas. "Aqueles dois garotos" lembrava Kurt.

"K., calma!" Blaine correu at� a cama de Kurt e o abra�ou.

"Por que isso aconteceu? Por qu�?" chorava Kurt. "Eu sou t�o est�pido! Que vergonha!"

"Calma K., fique calmo! Est� tudo bem agora. Isso n�o foi culpa sua..."

"Como voc� pode dizer isso? Eu fui est�pido o suficiente para ir at� aquela festa rid�cula! Eu sou pat�tico!"

"N�o � K. Isso n�o tem nada haver com voc�. Pessoas como eles n�o se importam com ningu�m." Blaine tentava acalmar Kurt, mas sentia um n� em sua garganta. Ele sofria por Kurt.

"Eles iam... oh meu Deus" chorava Kurt, nos ombros de Blaine. "Eu n�o devia ir em festas. Vivo bem sendo um nerd de quem ningu�m gosta."

"Quem disse que ningu�m gosta de voc�?" perguntou Blaine.

"Ningu�m se importa. Mas tudo bem. Isso n�o ir� se repetir"

"N�o diga isso K., eu gosto de voc�. Voc� importa para mim"

Kurt olhou para Blaine e sorriu desajeitamente. "Obrigado por me ajudar, B"

"Eu fiz o que qualquer amigo faria... e foi por culpa minha que voc� estava naquela situa��o... se eu n�o tivesse..." Blaine perdeu a fala e olhou para o ch�o, arrependido.

Kurt colocou sua m�o no rosto de Blaine, virando-o para si. "N�o diga isso, B. Quem decidiu ir � festa fui eu. Voc� ainda me salvou de l�. Esque�a isso"

"N�o. O que eles iam fazer com voc�... isso n�o tem volta" disse Blaine, com o olhar perdido. "Eu estou muito feliz por n�o ter acontecido nada mais grave com voc�" confessou Blaine.

Kurt estava mais calmo agora. Ainda tinha calafrios ao lembrar dos dois garotos em cima dele, mas agora, com o seu amigo a seu lado, ele sentia que nada de ruim poderia lhe acontecer. Os dois ficaram assim, abra�ados, durante um bom tempo.

"Voc� deveria pegar sua coberta e tentar dormir" disse Kurt.

"N�o. Fique com ela"

Era �bvio que ele deveria ficar com ela, pensou Kurt. Ele estava nu ali, agora que ele lembrava.

"Acho melhor n�s voltarmos a dormir" disse Kurt.

"Sim. Sim. Como quiser" concordou Blaine.

"Boa noite K. Qualquer coisa, por favor, � s� dizer" disse Blaine, beijando a testa de Kurt.

"Boa noite B."